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Mendigo


Mendigo dos meus olhos,
Porque tens medos,
Revela-me os teus segredos
E não escondas essa face de mistério
Olha para ti
Renasces nos becos, nas ruas
Alimentas-te da solidão e da esperança
Teus sonhos são escassos
Tua vida é inútil
Aos olhos dos que não te entendem
Tua imagem reflecte-se
nos rios desta cidade
nas sombras das esquinas
nos bancos solitários
Eu percebo-te
Não te ouvem
Não te deixam viver
Olham para ti
Com olhos de desprezo
Preferes o teu cobertor
A quentura das ruas
Optas pela tua humilde liberdade
Acabas por vezes
Num beco sem saída
Onde os pesadelos se libertam
e entram sem avisar
nessa tua sofredora mente
Esqueces-te do que vês
Escondes esse sorriso
Carregas contigo a dura realidade
Transportas os pesadelos que te amedrontam
Todos os dias
Vives da esmola miserável
Comes o que nós desprezamos
Vives do simples
Mendigo diz-me,
Diz-me o que não sei,
Conheço apenas um pedaço de ti,
E gostava que me segredasses o que
Os meus sentidos
Não vêem Não ouvem Não sentem
Por mais que te escondas
Eu quero encontrar-te
Pegar-te no braço
Levar-te para bem longe daqui
Então aí vias
O que a tua mente
Não te deixa ver
A brisa da paz
A luz da esperança
A beleza do amor
Consegues ver
Com os teus olhos?
O verdadeiro homem que és?
E não os que te pintam de forma cruel...

| MT - Zinara |

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