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Mostrando postagens de 2011

Mendigo

Mendigo dos meus olhos, Porque tens medos, Revela-me os teus segredos E não escondas essa face de mistério Olha para ti Renasces nos becos, nas ruas Alimentas-te da solidão e da esperança Teus sonhos são escassos Tua vida é inútil Aos olhos dos que não te entendem Tua imagem reflecte-se nos rios desta cidade nas sombras das esquinas nos bancos solitários Eu percebo-te Não te ouvem Não te deixam viver Olham para ti Com olhos de desprezo Preferes o teu cobertor A quentura das ruas Optas pela tua humilde liberdade Acabas por vezes Num beco sem saída Onde os pesadelos se libertam e entram sem avisar nessa tua sofredora mente Esqueces-te do que vês Escondes esse sorriso Carregas contigo a dura realidade Transportas os pesadelos que te amedrontam Todos os dias Vives da esmola miserável Comes o que nós desprezamos Vives do simples Mendigo diz-me, Diz-me o que não sei, Conheço apenas um pedaço

Máscara

( Um rosto por detrás de uma máscara ) Misteriosa rapariga Porque cobres essa face tão linear e tão sublime? Será que tens medo dos teus reflexos? Será que tens receio dos olhares penetrantes? Ou será que a tua face é ainda mais bela que esse teu coração? Usas essa máscara Para esconder a tua identidade Receias as mentiras Não toleras a beleza disfarçada Escondes os teus medos E procuras a verdade Nesses olhos Grandes e repletos de esperança Preferes que conheçam a tua alma Do que a ti Preferes essa máscara porque Foste magoada Foste derrotada Foste insultada Choraste Gritaste Desprezaste a tua face e a ti Desde aí nunca mais se viu uma linha de rosto Mas sim a máscara Que cobre as linhas da dor Esconde os sorrisos Disfarça as tuas mágoas mas esse olhar por mais máscaras que uses é revelador e transparente permanece sempre verdadeiro e fiel a ti mesmo com ou sem essa máscara |MT - Zin

Perda

Em segundos Perdi as asas Neste mar profundo Onde não voas Afogo’me nestas águas Frias, Geladas Os meus pensamentos São pedras constantes Neste circuito imparável Por cada direcção que tome É só o mar que me leva Os meus olhos são negros buracos Fechados, Desorientados Abro-os mas a esperança congela Água sobre Água O meu corpo vai sendo levado Mas ele sente’se Derrotado... Onde estão as asas? Arrancadas! Com a força deste mar Perdi as asas onde a imaginação voava Perdi as asas Sinto a dor nestas cicatrizes Sem elas eu perdi Morri... Sem elas apenas existe um simples corpo afogado Por entre estas águas vingativas e frias Morri... Permaneço-me leve Agora sou uma singela boneca Mas dura por dentro Já as minhas asas... Essas ganharam Porque vagueiam na esperança De encontrar alguém que as faça Sobrevoar pr’a bem longe Deste mar... |MT - Zinara |

Ponte d´Almas Perdidas

Há tempos, estava a passear na ponte das almas perdidas. Surgiu-me em mim a duvida da origem deste nome seria mítico ou real? Permanecia aquele sentimento de desassossego sempre que estes meus pés caminhavam na calçada desta grandiosa Ponte. Onde ninguém ousava passar Sentei-me no chão mesmo em frente á cidade silenciosa mas bastante luminosa Numa névoa escura e esbatida surge uma rapariga descalça e apenas com um simples pano verde envolvido naquele corpo frágil. Cabelos Longos e dispersos no ar onde aqueles olhos apareciam e desapareciam como estranhas esferas reluzentes desorientadas! Fiquei extasiada mas nada fiz Fiquei vazia mas nada acrescentei Passa por mim Com uma rapidez de vento Até que pára diante daquela vista pacífica Com os olhos fixos e decididos naquele rio As mãos agarram-se aquele porão Como um aperto  fortíssimo Pontapeando o chão Com toda a força que ainda lhe bastava Grita Grita Grita Toda a cidade ouvi