Mendigo dos meus olhos, Porque tens medos, Revela-me os teus segredos E não escondas essa face de mistério Olha para ti Renasces nos becos, nas ruas Alimentas-te da solidão e da esperança Teus sonhos são escassos Tua vida é inútil Aos olhos dos que não te entendem Tua imagem reflecte-se nos rios desta cidade nas sombras das esquinas nos bancos solitários Eu percebo-te Não te ouvem Não te deixam viver Olham para ti Com olhos de desprezo Preferes o teu cobertor A quentura das ruas Optas pela tua humilde liberdade Acabas por vezes Num beco sem saída Onde os pesadelos se libertam e entram sem avisar nessa tua sofredora mente Esqueces-te do que vês Escondes esse sorriso Carregas contigo a dura realidade Transportas os pesadelos que te amedrontam Todos os dias Vives da esmola miserável Comes o que nós desprezamos Vives do simples Mendigo diz-me, Diz-me o que não sei, Conheço apenas um pedaço
Laethúil
Páginas escritas com a alma...